Foi um “alô” tão desesperado que o meu primo chegou a
ficar mudo nos primeiros instantes, surpreso.
- Pauline… é você?
- Sou. Sou eu, sim.
Eu mal tinha ar dentro dos pulmões. Precisei sentar no sofá
para me recuperar.
- O que houve com a sua voz?
- Nada. É que eu estava longe e mal ouvi o telefone
tocar. Tive que vir correndo – menti.
- Está bem, então – respondeu ele, não muito satisfeito
com a minha resposta – Como você está?
- Muito bem – meu ar ainda faltava, o que me obrigava a
fazer certo esforço para falar, sem contar com meu coração galopante dentro do
peito – E você?
- Tudo bem, também.
Não percebi muita convicção na resposta dele, que
prosseguiu:
- Se não sou eu a ligar para você...
- Como assim?
- Você não me ligaria nunca.
Até fiquei chocada com o que ele dissera. Então o Nando
queria que eu ligasse para ele? Ué...
- Mas Nando… é claro que eu tenho vontade de ligar para
você. Porém, o que aconteceria se eu fizesse isso e sua noiva estivesse junto?
Já pensou na confusão que eu iria armar sem querer?
- Não, não. Não se preocupe mais com essas coisas.
A voz dele ficou estranha e eu, curiosa. Perguntei.
- Não entendi. O que houve?
- Rompi meu noivado – contou ele com a voz cansada –
Terminei tudo com a Raquel.
Felicidade total. Só não saí saltitando pela sala porque
não queria largar o celular naquele momento tão crucial.
- Você… você rompeu seu noivado?
- Sim.
- Quando?
- Há dois dias. Foi horrível. Ela não aceitou, nossas
famílias acabaram se envolvendo… enfim, não está sendo fácil. A Raquel me liga
a toda hora.
- E o que você faz?
- Não atendo o celular. É simples assim.
- Puxa – disse eu, tentando conter minha empolgação – Que
situação bem chata...
- Demais.
Então de repente ele perguntou:
- O que você vai fazer amanhã?
Cheguei a levar um susto e empalideci. A Rafa estava por
perto e percebeu minha transformação.
- Eu? Não sei, eu…
- Tenho que buscar uma encomenda na serra. Quer vir
comigo?
Minhas pernas ficaram bambas. Finalmente um convite.
Olhei para a Rafaela que estendeu um papel e uma caneta para que eu escrevesse
o que estava acontecendo. Como eu não respondi logo, o Nando insistiu:
- Pauline, você está aí?
- Claro, estou sim. É que… seu convite me pegou de
surpresa.
Aos garranchos, escrevi para Rafa a novidade e ela
sussurrou:
- Aceita, aceita!
- Então? Quer vir comigo? Ou você enjoa na estrada?
- Não enjoo coisa nenhuma – respondi eu, antes que ele se
arrependesse de ter me convidado – Eu quero ir, sim.
Nossa, eu estava muito emocionada.
- Legal. Me dê seu endereço e eu passo aí para buscar
você. Às nove horas da manhã está bom?
Meu endereço... Eu não gostaria que ele soubesse onde eu
morava. Pelo menos o risco de que ele e Rafaela se vissem era nulo, já que
minha irmã iria para a casa do Guto, sem ter hora – e nem dia – para voltar.
Passei meu endereço, combinamos mais alguns detalhes e
nos despedimos. Quando desliguei o celular, olhei para a Rafa e murmurei:
- Cruzes, nem acredito.
- Paulinha! Você precisa ver a sua cara!
- Devo estar com uma expressão de felicidade total.
Minha irmã sentou ao meu lado e disse:
- Olha, amanhã será o grande teste. Vocês vão passar um
tempão juntos. É diferente do que ficar se curtindo na praia, entendeu? Se tudo
correr bem, acho que o relacionamento pode deslanchar.
- Você acha?
- Claro. Tente ser carismática, faça com que ele ria, não
deixe o assunto acabar…
- Mas isto eu já faço. Estou sempre fazendo o Nando rir.
- Melhor ainda. E ele lhe considera uma boa companhia,
senão não convidaria você para fazer uma viagem, mesmo que curtinha.
- Você acha? – repeti.
- Claro! Imagina passar horas viajando com uma pessoa que
mal se conhece ainda?
A Rafa se levantou e disse:
- Bem, já dei todos os conselhos possíveis. O resto é com
você. Já estou atrasada.
Ela pegou a bolsa, me deu um beijo e antes de abrir a
porta, avisou:
- Quero saber tudo, hein? Em todos os detalhes. Até os
sórdidos.
- Conta pro Guto – eu pedi – Quem sabe ele tem mais
alguma visão…
Minha irmã riu, atirou um beijo e foi embora. E a partir
desse momento eu nunca mais tive paz.
Ahhh, finalmente o Nando tomou uma decisão... já disse que estava tomando antipatia dele, ne? rsrsrs.
ResponderExcluirEspero o próximo capitulo com a tão esperada viagem dos dois. Bjus, querida. Fica com Deus.
Não, não pega antipatia pelo Nando! Ele é um cara muito legal. Bjs!
ExcluirCuriosa pelos desdobramentos dessa história.
ResponderExcluirVários desdobramentos aguardam essa relação, querida. Bjs e boa semana!
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