terça-feira, 29 de maio de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 23)



As aulas começaram e eu levantei as mãos para o céu. Assim pelo menos eu não pensaria tanto nele. Mas me enganei. Meus pensamentos iam somente ao encontro do Nando. Era só no meu primo que eu pensava.
Para piorar eu não saía da frente do computador, tentando descobrir alguma coisa da festa do domingo. Nenhuma foto no Facebook do Nando havia sido postada. Em compensação, eu invadi o Facebook dos amigos dele e ali sim estavam todos os registros do que deveria ter sido uma festa de arromba. Me mordi de raiva. Não apenas amigos haviam sido convidados, como amigas também. Muitas, para o meu gosto. Todas pareciam ter saído da mesma forma, com o mesmo tipo de cabelo, roupa, sapatos... O mesmo sorriso forçado, afetado. Tudo igual. Em algumas fotos Nando aparecia com o braço por sobre o ombro de algumas delas. Em outras ele era o único homem rodeado por um monte de garotas, ávidas para chamarem a atenção do cara mais bonito da festa. E nada de ele me ligar. Comecei a achar que a Rafa estivesse com razão. Eu deveria ter transado com ele. Com quantas Nando já teria ficado desde aquele dia? Que droga!
E para completar minhas aulas estavam um terror. Nada me interessava. Tentei confessar para a Rafa que eu estava com vontade de trocar de curso, mas minha irmã estava tão obcecada pelo namorado que nem me deu bola. E eu me sentia mais e mais sozinha. Do Nando, nem um sinal. Nem celular, nem mensagem, nem coisa nenhuma. Minha vida estava um saco e eu tinha vontade de sumir, principalmente depois de ter visto as fotos no Facebook. Na minha mente delirante, o Nando estava saindo com todas aquelas meninas da festa. Afinal eles eram todos da mesma classe social. Eu não.
Minha quarta-feira tinha tudo para ser um fracasso total. Já no primeiro período eu consegui discutir com o professor por um motivo imbecil, o que me fez pegar minha bolsa e sair da sala de aula pisando duro, sob o olhar de trinta pessoas. Saí apressada pelos corredores da faculdade, pensando em ir para casa, tomar um banho e me enfiar na cama. Eu tinha um bolo formado na minha garganta e que nada tinha a ver com os meus problemas acadêmicos. A única coisa que eu desejava era me enfiar debaixo do chuveiro e chorar toda a minha frustração pelo fato de o Nando não ter me ligado depois daquele sábado maravilhoso. Infelizmente maravilhoso apenas para mim.
Decidi ir caminhando até em casa para aliviar a tensão. Porém, mesmo assim, minha tristeza não ía embora. E eu sabia que não iria tão cedo. Durante o trajeto deixei algumas lágrimas rolarem. Foi inevitável e nem fiz questão de secar.
Eu estava tão distraída, tão perdida na minha melancolia, que não percebi que um carro vinha acompanhando meus passos por alguns metros. Somente olhando para frente – e sem enxergar nada a não ser meus pensamentos tristes – levei um enorme susto quando uma buzina pareceu soar dentro da minha cabeça.
Eu cheguei a parar apavorada. A impressão que tive era que estava a ponto de ser atropelada pela caminhonete preta que estava estacionando ao meu lado. A porta se abriu de repente e eu imaginei que se tratava de um sequestro relâmpago. Fiquei paralisada pelo terror. Então, antes de qualquer coisa, escutei uma voz que me encheu de satisfação:
- Ei, entre aí! Não vou sequestrar você. A menos que você queira isto.
Bom, era isto o que eu queria desde sempre, quase disse enquanto entrava no carro do Nando explodindo de felicidade.
- Que surpresa – eu consegui falar, tentando disfarçar os meus tremores pelo susto que acabara de tomar.
Ele se inclinou e me beijou na boca. Depois sorriu e disse:
- Eu ía ligar para você, mas achei que estivesse na aula. De repente vi você caminhando na calçada... Você estava com os pensamentos longe.
Eu não conseguia parar de sorrir feito uma idiota. Era bom demais estar ali com o Nando.
- Saí um pouco mais cedo da aula – eu respondi, evitando contar o motivo que havia me levado a isto.
- Você tem alguma coisa para fazer agora?
Nossa, como eu esperava que ele perguntasse algo do tipo.
- Absolutamente nada.
- Vamos dar uma volta?


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