Já estávamos próximos do meu prédio e comecei a me
preocupar com o fato de a minha irmã estar à vista. Era quase noite e eu sentia
um bem estar enorme. O meu dia tinha sido maravilhoso e me perguntava o que ele
estaria planejando para o domingo.
Descobri no minuto seguinte assim que Nando estacionou,
para meu terror, a caminhonete bem debaixo da minha janela.
- Amanhã vou passar o dia na chácara de um amigo meu.
Eu fiquei muda a principio. Tinha plena certeza de que passaríamos
o dia inteiro juntos. Quando consegui me articular, balbuciei:
- Ah, é?
Era nítido que ele estava me dando algum tipo de
satisfação. Mas eu não queria satisfação alguma. Só queria ficar o dia inteiro
com ele. Só isso.
- Havíamos marcado já há algum tempo.
Será que vai ter mulher?, me perguntei, angustiada. No
entanto eu não tinha direito algum de cobrar nada apenas porque havíamos
passado um dia maravilhoso juntos. Quer dizer, tinha sido maravilhoso para mim.
Se tivesse sido bom para o Nando, ele bem que podia ter desmarcado o encontro
com seus amigos para ficar comigo.
Droga.
- Certo – respondi, tentando disfarçar que estava tudo
ótimo. Fui pegando a bolsa, olhei para ele e disse – Bom, acho que vou subir.
Pode ser perigoso você ficar com a caminhonete parada aqui.
Ele
então se inclinou e me beijou. E foi um beijo tão doce que lágrimas vieram aos
meus olhos. Esperei sinceramente que ele não tivesse reparado.
- Adorei cada momento, Nando.
Foi a
única coisa que consegui dizer. Achei que ele fosse responder algo parecido,
mas não. Ele acariciou meu rosto e murmurou:
- Eu ligo para você.
- Está certo.
Dei
mais um beijo rápido nos lábios dele e entrei no meu prédio. Pelo menos ele
esperou que eu fechasse o portão gradeado para arrancar o carro. Dentro do
elevador eu me perguntei se devia estar triste ou alegre. Afinal, o dia todo
havia sido um encanto só. E depois… puxa, a única coisa que ele havia dito era
que me ligaria. Não havia sido legal para o Nando também? Seria por que eu não
tinha transado com ele?
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