A semana que começou cheia de esperanças se transformou
em um inferno por causa de todas as expectativas que criei. Segundo meu cunhado
Guto, o Nando ligou para sondar o terreno. Se eu mostrasse que ainda estava a
fim de ficar com ele – e isto eu fiz, abertamente – então certamente ele me
ligaria de novo. Era só aguardar.
E eu aguardei. Suportei bem até quarta-feira. Era o
máximo que minha cabeça ansiosa de mulher tinha condições de agüentar. Se o
Nando estivesse mesmo com vontade de sair comigo, então ele ligaria em poucos
dias.
A quinta-feira amanheceu sem que o Nando tivesse me
ligado. E para mim isto significou que ele não estava mais interessado em mim.
Com um mau humor do cão, passei o dia tentando não pensar nele, desejando
ardentemente que as aulas começassem para que eu pudesse desviar minha mente
para algo que não me atormentasse. Até minha chefe notou que eu estava em crise
e menti que era culpa da minha TPM. Nunca tive TPM na minha vida. A Rafa também
tentou me acalmar quando eu revelei o motivo da minha ira. Enfim, nem eu me
suportava mais. O Facebook dele estava virado em mensagens dos amigos, da
noiva, do bispo. Jurei para mim mesma que nunca mais iria escarafunchar no Facebook
do Nando. Meu juramento durava mais ou menos quinze minutos.
Sábado à noite a Rafa e o Guto decidiram que iam para a
balada. Fui convidada, mas recusei. Tinha medo de encontrar o Nando em algum
lugar – acompanhado – e não saber lidar com isso. Era melhor que eu ficasse em
casa curtindo a minha dor.
Peguei um DVD na locadora e cozinhei brigadeiro na
panela. Sentei-me para ver a comédia que loquei para tentar dar alguma risada.
O filme era ótimo, mas eu comecei a chorar na primeira cena. Nem senti o gosto
do chocolate. Minha impressão era que a pessoa mais solitária do mundo era eu.
Quando a solidão se tornou insuportável, resolvi ligar para minha mãe.
Meu pai atendeu, falando baixinho. Sim, ela estava
dormindo. Não queria que ele percebesse minha voz de choro. Menti que tudo
estava bem, o estágio ía às mil maravilhas e que enfim minha vida não podia
estar melhor. Combinei que passaria um final de semana lá no interior e quando
desliguei minhas lágrimas escorriam ainda pelo rosto.
Dois minutos depois o celular vibrou de novo. Era minha
mãe, só podia ser ela. Ela tinha acordado.
- Oi, mãe.
Minha voz era a expressão do desanimo. Com certeza ela se
daria conta que sua filha estava quase enfiando a cabeça dentro de um forno.
- Posso ligar depois...
Meu Deus, era ele. Enxuguei imediatamente as minhas
lágrimas como se o Nando pudesse visualizar meu rosto choroso.
- Não! Não desligue. Ela não vai me ligar mais.
- É que eu pensei…
- Falei com meu pai agora – expliquei rapidamente, ainda
tensa com a possibilidade de ele desligar – e como minha mãe estava dormindo,
achei que ela tivesse acordado e retornando a ligação.
Fiquei sem fôlego.
- Pelo visto você está em casa...
- Estou, sim. Minha irmã me convidou para sair mas eu não
quis.
- Por quê?
- Porque não sou muito de badalar, você sabe.
Fiz uma pausa e perguntei, meio sem querer saber a
resposta:
- E você? Está onde?
- Em casa. Acho que peguei um resfriado.
- Você… você está sozinho?
- Estou, sim. Por quê?
- Nada. Só quis saber.
Bingo! A bruxa não estava com ele.
- Achei sua voz diferente quando atendeu o celular.
Putz, a minha maldita voz de choro.
- É mesmo? Impressão sua.
- E então? Me conte as novidades. Estou atrapalhando
você?
- Claro que não. Eu peguei um DVD de comédia para
assistir, mas não me agradei muito. Até foi bom você me ligar. Assim eu me
distraio um pouco.
- Eu gosto de conversar com você.
Fui até o céu e voltei. Ele tornou a dizer:
- Você me diverte. Acho que já disse isso uma vez.
- Quase isto. Me parece que você disse que eu era
engraçada.
- Deve ter sido. Dá praticamente na mesma. Mas então me
diga. O que você anda fazendo?
“Chorando por sua causa.”
- Ora, o de sempre. Por enquanto, só indo ao estágio. No
entanto… estou pensando em largar tudo.
Era a primeira vez que eu dizia aquilo, inclusive para
mim mesma. Não queria admitir que eu estava odiando meu curso de Design. A
comoção familiar seria grande quando a verdade se revelasse. Isto é, caso eu
tivesse coragem de chutar o balde.
- Largar tudo? Tudo o quê?
Nossa, eu falei muito sobre a minha insatisfação
acadêmica. E só. Sobre a minha família, nem pensar. E ele tentou me ajudar do
jeito que podia. Ficamos mais de uma hora no telefone. E eu acho que a conversa
iria por mais tempo se não fosse o irmão dele ter chegado. O Nando ficou de me
ligar outro dia e quando eu dormi, sonhei a noite inteira com ele.
Parabéns Patricia, gostei muito de seu texto!
ResponderExcluirOi, Maurício, muito obrigada! Continue me prestigiando! Abraços!
ExcluirPatrícia do céu, você está revelando o maior segredo de todos os tempos, os sentimentos de todas as mulheres do mundo quando estão apaixonadas. O que os homens farão com essa preciosa informação?
ResponderExcluirhahahahhahahaa
brincadeira, gata.
Estou adorando a história, me envolvendo de verdade e torcendo muito pra as coisas darem certo logo pra nossa personagem. E eu só quero ver quando Fernando descobrir que Pauline é sua prima. Ihhhhh, isso vai dar um rolo!!! kkkkkkk
Espero o próximo capítulo. Bjus e fica com Deus.
palavrasdevalquiria.blogspot.com.br
Oi, Val!! É ótimo saber que minha história está agrandando. E realmente, estou revelando os segredos do coração das mulheres. Ou será do meu?
ExcluirEu estou apaixonada pelo Nando!
Eu confesso que estou tomando uma certa antipatia do Nando, rsrsrsrs
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