quarta-feira, 28 de março de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 3)


- Oi…
            Ele me olhou devagar, como se fosse difícil virar a cabeça para cima. Eu nem sabia como tinha ido parar ali ao lado dele. Muita ousadia minha. Ah, e o Nando era mais lindo ao vivo que pelo Facebook.
- Conheço você? – ele perguntou, sem parecer estar muito a fim de continuar o papo.
- Quer conhecer?             
            Fiz a minha melhor voz. Deu certo. Ele respondeu displicente:
- Senta aí.
            Sentei, praticamente me jogando na areia.
- Você me conhece?
            Os olhos dele… a boca… Ele era o mesmo garoto por quem eu havia me apaixonado há tanto tempo. A diferença é que agora o Nando era um homem feito.
- Eu segui você – confessei, ficando vermelha. Ele nem notou.
- Por quê?
- Porque eu quis.
- Por quê? – insistiu ele.
- Porque achei você interessante.
- Qual é seu nome?
- Pauline.
            Entrei em pânico. Será que ele seria capaz de lembrar uma prima desaparecida que tinha este mesmo nome?
- O meu é Fernando.
- Eu sei.
- Sabe como?
            O Nando até sorriu. Achei que ele estava curtindo o papo e a situação.
- Eu sei tudo.
- Tudo?
- Tudo.
- Tudo sobre mim?
- Quase tudo.
- Você é dotada de algum poder mágico?
- Claro que sim.
            Por algum tempo ele ficou me encarando e eu consegui sustentar o olhar, mesmo sabendo que minhas bochechas estavam ficando rosadas de novo. Por fim ele tomou um longo gole da latinha de cerveja e disse:
- Você deve ter algum motivo muito forte para vir atrás de mim. Não devo estar muito… atraente. Não sei se você percebeu, mas estou ligeiramente bêbado.
- Talvez se você estivesse sóbrio nem desse bola para mim.
- Confesso que não vi você mesmo – ele falou em meio a um bocejo – Mas era muita gente... E só para você saber, às vezes as mulheres me parecem todas iguais.
- Isto o que você está dizendo é uma injustiça – eu protestei – Eu não sou igual a nenhuma outra.
- Eu disse “’às vezes”. E o que você tem de tão diferente, além do seu nome?
            Engoli em seco. Eu gostaria de ter um nome mais comum, que não pudesse ser lembrado.
- Eu só queria deixar bem claro que não costumo seguir homens por noites afora.
- Este é o seu diferencial?
- Não quero que você me ache igual a todas as outras. Você nunca foi seguido por ninguém? Quer dizer, por alguma mulher?
            Ele balançou a cabeça, lentamente.
- Não que eu saiba.
- Impressionei mal você?
- Não. Só é algo meio inusitado, eu estar sentado aqui, na beira do mar, bêbado, conversando com uma completa desconhecida.
- Não sou mais uma desconhecida. Você já sabe meu nome.
- E daí?
- Não somos desconhecidos – insisti.
- Como não somos? Mal sei seu nome. Não sei de onde você veio, quem é, o que faz, quem são seus pais…
            Eu gelei quando ele disse que não conhecia meus pais. Interrompi, freneticamente:
- Gosto de bancar a misteriosa.
- Gosta? – ele riu – Por quê?
- Porque assim eu posso beijar você e sair correndo. Lembra da história da Cinderela? É mais ou menos isto.
            Então, antes que eu perdesse a coragem e o homem, me atirei em cima do Nando e caímos os dois deitados na areia molhada. Quando ataquei os lábios dele, escutei uma série de risadas dos seus amigos bêbados. Mas eu fui em frente. Para meu êxtase, o Nando não refugou. Apesar do estado etílico dele, ficamos por um longo tempo nos beijando enlouquecidamente. Foi incrível. Porém, ao mesmo tempo eu me perguntava se caso o Fernando estivesse sóbrio, ele estaria protagonizando aquela cena de paixão explícita comigo...
Acho que não.

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