sábado, 30 de junho de 2012

FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 32)


Ficamos em um quarto no segundo piso, com uma janela que tinha uma bela vista para o mar. Se fosse pela vontade das três vacas eu ficaria na garagem. Larguei as minhas duas mochilas no chão e fui direto para a janela, empunhando a máquina fotográfica. Eu me sentia bem chateada com a recepção dos amigos do Nando, porém não queria estragar todo meu carnaval por causa deles. Disfarcei, falando com a voz bem animada:
- Nossa, que vista encantadora! Jamais me cansarei de ficar aqui, admirando o mar. Lá no sul não temos um mar tão azul.
            Enquadrei a câmera, mas antes que eu conseguisse capturar a imagem, meu agora namorado veio por trás e me abraçou, beijando-me no pescoço. Fiquei toda arrepiada, esquecendo o que havia se passado lá embaixo.
- Não dê bola para as meninas. Elas ainda não superaram que eu e Raquel terminamos o noivado.
- Elas… são amigas da outra? – perguntei cautelosamente.
- Sim.
Então estava explicado. Amigas da ex-noiva do Nando. Estava eu entre inimigas. Tive vontade de ligar para minha irmã e contar tudo. Rafaela era muito prática e podia me dar algum conselho. Bem, isto teria que ficar para depois. Naquela noite os amigos do Nando já haviam planejado um churrasco e eu não teria como escapar. Teria que enfrentar todas as feras e eu torcia para que o Nando me protegesse daquelas leoas que estavam sedentas do meu sangue.
Entretanto, o churrasco não foi apenas para o pessoal da casa. Começou, de repente, a chegar muita gente e todos eram conhecidos entre si. Fiquei surpresa com a popularidade do Nando e entre aquelas pessoas reconheci muitos que estavam nos álbuns de fotos do Facebook dele. Fui apresentada como a “nova” namorada do Nando, causando surpresa em muitos. Claramente não fui aceita pelas amigas dele, em compensação alguns dos rapazes vinham conversar comigo na boa, sem problema algum. Foi o que me salvou naquele churrasco. Nem sempre o Nando ficava comigo. Os amigos chamavam e eu não podia ficar sempre grudada nele. Nunca que eu iria ficar bancando a namorada insegura na frente daquela galera toda. Felizmente sozinha eu não cheguei a ficar. Quando ele se afastava, jurando que já voltava, algum dos meninos se encostavam em mim e ficavam de papo comigo. Assim foi a noite toda. Nenhuma das meninas se aproximou ao menos para ver se eu era legal. Sentia-me o próprio ET. Por várias vezes, flagrei algumas delas, em grupinhos, observando-me. No início desviei o olhar. Entretanto, depois de haver tomado duas latinhas de cerveja e sentindo-me mais corajosa, cheguei mesmo a encará-las, desafiadoramente. Eu precisava impor algum respeito, ora bolas. E assim o churrasco foi transcorrendo até que por volta das três horas da manhã, o Nando, ligeiramente bêbado, resolveu que iria subir. Dei graças a Deus. Muitos já haviam ido embora e nós dois subimos as escadas, ambos tontos. No quarto ele foi direto para o chuveiro e eu desabei na cama, extenuada. Previ que meu carnaval inteiro seria daquele jeito, as feras me atacando e eu me defendendo do jeito que podia. Não vi nem quando o Nando voltou. Devo ter caído no sono dois milésimos de segundo depois de ter me atirado no colchão, de roupa e tudo.

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