A semana que antecedeu o carnaval
foi angustiante. Lembrei das coisas que Rafa havia dito para mim e comecei a
prever o pior. Eu mal sabia quem iria para a casa do amigo do Nando. Aliás, nem
queria saber. Eu somente esperava que as namoradas deles fossem gentis e
simpáticas e não de nariz empinado. Na verdade, todos eles – Nando inclusive –
viviam em um mundo totalmente diferente do meu. Pensando bem, eu mal imaginava
o que Nando havia visto em mim, uma pessoa tão simples. Bom, talvez fosse isto
que o tivesse atraído. Minha simplicidade.
Ou então podia ser que o Nando
achasse que eu fosse um alienígena. Um ser completamente diferente da tribo a
qual ele fazia parte, uma tribo que eu jamais pertenceria por ser de outro
planeta. Quando eu cuidava a vida dele pelo Facebook, tudo parecia ser bem mais
fácil. Eu nunca tinha pensado na hipótese de ter que me esconder dos meus tios
ou de ter que ocultar o nome da minha irmã. Ou de mentir sobre meus pais.
Felizmente as horas que eu passava com o Nando – somente nós dois – eram
maravilhosas. Se ele não perguntasse nada da minha família, essas horas eram
perfeitas.
Bem, aquela semana passou voando.
Quando me dei conta era véspera da nossa viagem e eu mal tinha aprontado minhas
coisas. Viajaríamos ainda na sexta-feira. Pedi dispensa do estágio e pegaríamos
a estrada pela tarde. Eu torcia para que aquele carnaval fosse o melhor do
mundo.
Passei no apartamento do Nando e
dali partimos para Floripa. Disfarcei meu nervosismo o tempo todo. Nando me
contou que iriam aqueles dois amigos que eu já havia conhecido na praia, com
suas respectivas namoradas e mais outro casal. Não me contive e perguntei se
todos eram legais. Surpreso, ele respondeu que sim. De qualquer forma, as
palavras da Rafa ecoavam na minha mente e meu sexto sentido dizia que as coisas
não seriam tão pacíficas assim.
Só fui ficar mais calma quando
chegamos a Florianópolis e eu comecei a apreciar a linda paisagem. Tudo me encantava
e Nando ria da minha cara de admiração. Mais uma vez ele me prometeu que me
levaria para conhecer todas as praias que pudesse, o que seria ótimo. Assim nós
dois ficaríamos mais longe dos amigos dele.
Não preciso dizer que fiquei
boquiaberta quando paramos na frente da casa do Gilberto. Na hora tive vontade
de ligar para a Rafa e dizer que estava diante da casa mais imponente que eu já
havia visto. Apesar de ser linda e ter uma vista magnífica para o mar, ela me
pareceu fria e distante, assim como as pessoas que eu estava prestes a
conhecer. Será que passar o carnaval em um camping não teria mais a ver comigo?
Descobri que realmente um camping
seria bem melhor quando conheci as meninas. Só faltava nós chegarmos, portanto
todos saíram para nos receber. Aliás, receber o Nando. Eu não passava de uma
simples agregada, uma diversãozinha do Nando ou coisa pior. Mas foi na hora das
apresentações que tudo desandou de vez. O Nando cumprimentou as garotas com
beijinhos e abraços. Depois se voltou para mim e colocou seu braço nos meus
ombros. E me apresentou:
- Garotas, esta é a Pauline,
minha namorada. Pauline, esta é a Karine, Sandrinha e a Tati.
Karine, Sandrinha e Tati. Todas bronzeadíssimas.
As três, evidentemente, haviam nascido em berço de ouro. Surpreendeu-me estarem
de maquiagem em plena praia. Encararam-me com frieza e arrogância por detrás de
quilos de rímel. Houve um certo desconforto até mesmo entre os meninos pelo
silêncio que se formou. A única coisa boa daquela apresentação foi saber que eu
estava namorando o Nando.
Fiquei sem saber como reagir.
Elas não desgrudavam os olhos de mim, olhando-me de cima a baixo. Percebi que o
Nando também estava incomodado. Ele não esperava uma reação daquelas contra
mim. Tentando vencer minha própria timidez e jurando que eu jamais ficaria
sozinha no meio delas, eu sorri falsamente e cumprimentei.
- Olá... Como vão vocês?
A tal da Tati até esboçou um
sorriso e estendeu a mão. Da parte dela foi um aperto fraco, sem vida. Eu não
deixei por menos. Segurei a mão dela fortemente e a sacudi, um pouco vigorosa
demais. Karine e Sandrinha, por sua vez, não fizeram menção alguma de serem
simpáticas. Neste momento veio lá de dentro da casa o namorado da Tati, um
negro alto e bonito, chamado Sérgio. Este ainda eu não conhecia. Fez uma festa
quando viu o Nando e me cumprimentou com um abraço apertado. De todos eles, era
o mais simpático. Gilberto e Heitor, os rapazes que eu havia conhecido na praia,
olhavam-me ainda com desconfiança, mas não chegavam a ser antipáticos. Porém
ficou bem claro que eu era uma intrusa. Todos eles, talvez com exceção do
Sérgio, deviam estar se perguntando o que o Fernando estava fazendo com uma
pobretona como eu.
Mas pelo menos agora eu era
oficialmente a namorada do Nando.
Uau, Paty!
ResponderExcluirPelo jeito eu peguei o bonde andando, rs pois achei que fosse um conto! Mas é um romance ne??
Depois vou ler ele todo!
Adorei este capítulo! Você faz com que a gente se sinta na pele da Pauline! ;)
Bjinhoss :D
Eta situação... Continuo devorando os capítulos aqui, está muito bom.
ResponderExcluirObrigada pela força, espero que continue gostando. Bjs!
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